FALE CONOSCO: (67) 3409-1234
Quando Willian Matté, hoje agrônomo e produtor rural, mudou-se juntamente com sua família do interior de Santa Catarina para o Distrito Federal a fim de praticar agricultura na região conhecida como PAD-DF, muitos desafios novos surgiram. Os solos tradicionalmente ácidos do Cerrado, a seca intensa típica dos meses de janeiro na região, nematoides e outros problemas de ordem sanitária eram diferentes de tudo o que ele já conhecia como agricultor.
Contudo, ao mesmo tempo, os campos revelavam oportunidades tão grandiosas quanto as dificuldades. Por meio de muito estudos, testes, erros e acertos, Matté e sua família superaram as adversidades e se tornaram referência de sistema produtivo na área do PAD-DF. Toda essa experiência virou informação compartilhada na última rodada de reuniões com produtores que a Copasul promoveu entre 12 e 15 de setembro nos municípios de Naviraí, Nova Andradina, Deodápolis e Maracaju, em Mato Grosso do Sul.
Em sua apresentação, que Matté classificou como um bate-papo “de produtor para produtor”, todas as soluções encontradas pelo agrônomo para melhorar a qualidade do solo, a saúde das lavouras e consequente produtividade foram traduzidas em uma série de conceitos.
A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIFICAÇÃO
O primeiro deles é a importância da diversificação de culturas. De acordo com o agrônomo, variar culturas e seus ciclos de plantio contribuir para que o produtor rural supere problemas pontuais com climas e doenças e pragas que recaem sobre plantas específicas.
GESTÃO OPERACIONAL
Outro conceito que Matté aplica nas fazendas do condomínio que ele e sua família integram (Grupo Mec) é o SMPS, a Setorização de Máquinas, Pessoas e Serviços. O modelo de gestão, que consiste em estabelecer lideranças em cada uma das áreas, aumenta a eficiência da distribuição de tarefas dentro da porteira e melhora o desempenho operacional das fazendas. Segundo Willian, sem essa capacidade, o turbilhão de exigências operacionais prejudica a melhor das estratégias.
ESTEJA PRONTO PARA MUDAR
Matté destaca ainda em sua palestra que o agricultor deve estar pronto para realizar mudanças em seu sistema produtivo. “Mas mudar dá trabalho”, lembrou. Desta forma, é preciso ter paciência para testar soluções para minimizar intempéries, melhorar a qualidade do solo e reduzir os impactos de pragas e doenças. “É difícil até você conseguir”, acrescentou.
CULTURA DO CAPRICHO
O profissional ressalta também que o produtor deve implementar na fazenda a cultura do capricho. “Se você for fazer, que seja bem feito”, resumiu. Matté recordou que escutou de um colega que o capricho é o insumo mais importante de uma propriedade rural e que este fator deve estar enraizado em todas as pessoas que integram a equipe.
CONSTRUINDO SOLOS
Tal qual preconiza o programa Construindo Solos, da Copasul, Willian Matté reserva uma parte de sua apresentação para falar da verdadeira missão de todo produtor rural - construir a qualidade do seu solo.
Com efeito, muitos especialistas apontam o solo como o maior patrimônio do produtor rural. Nesse sentido, o agrônomo revela várias de suas estratégias para melhorar o perfil de solo, como utilizar plantas de cobertura variadas (são ao menos dez variedades nas fazendas do condomínio em que ele atua) e também criar um ambiente favorável para o desenvolvimento de microorganismos capazes de converter palha em matéria orgânica e fertilidade disponível às culturas comerciais.
Ao final de sua palestra, Matté compartilha a frase da ilustre engenheira agrônoma Anna Maria Primavesi, que disse certa vez que “A terra é a base de toda a vida. Você tem que ver o mundo inteiro como um conjunto”.
O SISTEMA É VIVO
Como os desafios estão sempre em mudança, ora influenciados pelo clima, ora por novas pragas e novas doenças ou por outros fatores, Matté acrescenta em sua conversa com os produtores rurais que é necessário entender que o sistema de produção é vivo. Em outras palavras, o mesmo manejo e sistema escolhidos para a safra anterior pode não ter sucesso na seguinte. Isso significa introduzir novas culturas, novas plantas de cobertura, inverter o tempo das aplicações e testar novas soluções. Para aumentar as chances de sucesso, é preciso conhecer o próprio ambiente e a cultura escolhida, frisou.
OPINIÃO DO PRODUTOR
O agricultor José Lucas, cooperado da Copasul há cinco anos pela Fazenda Nossa Senhora Aparecida, que está localizada em Glória de Dourados-MS, classificou a reunião com produtores e a palestra de Matté como investimento. “Esse tipo de evento é como se fosse um investimento. É um investimento barato em que a gente ganha conhecimento para se sobressair na nossa atividade. E sempre que tem, a gente tem que estar acompanhando”, recomendou.
O produtor citou que um conhecimento que trouxe dos eventos foi a necessidade de cobrir o solo com a palhada da braquiária. Dessa forma, o solo fica protegido e forma um ambiente mais favorável para o desenvolvimento da soja na sequência, que sofre menos com uma eventual seca.
Por fim, José Lucas confirmou qual foi a mensagem principal que levou da palestra que assistiu na reunião promovida pela Copasul. “O maior ensinamento é investir em conhecimento e ter o máximo de rotação de culturas em cima de todos os talhões da fazenda”, concluiu.